Se há lembranças doces são as que construímos com os avós.
A minha avó era ternurenta, tinha um sorriso e pele de menina, falava alto quando se entusiasmava e murmurava quando se sentia triste.
A minha avó era divertida, tinha paciência, fazia sempre a comida que eu queria e deixava-me podar as rosas.
A minha avó era traquinas, trazia no peito alegrias, mas também o pesar da vida.
A minha avó era tão simples que me ensinou uma das coisas mais poderosas da minha vida: a contemplação!
Todos os dias ao final da tarde, enquanto o jantar se fazia a minha avó sentava-se no alpendre, e durante muito tempo ficava a olhar o horizonte, a fixar os tons laranjas e rosas nos dias de verão, ou a fitar a chuva que caía nos montes no dias de inverno.
Durante aquele tempo não dizia nada, ficava apenas ali a olhar. Eu não percebia muito bem o que era aquele momento, mas fazia o mesmo.
Ao fim dum tempo descruzava as mãos e apoiava-as nos braços da cadeira e dizia: Raqueli, vá vamos a jantar!
Recordo-te com saudade e doçura, na certeza que quero um dia ser uma avó como tu!
Abraço
Raquel Santos, Psicóloga & Consultora
Deixe um comentário