Fui a casa da minha mãe e esbarrei num livro que li há 20 anos – Um Lugar Mágico ou como salvar a natureza – de Susana Tamaro. A capa verde já gasta, as letras amarelas e brancas, a lombada deformada de andar com o livro de um lado para o outro fizeram-me recuar docemente no tempo. Abri a primeira página, totalmente a branco à excepção da minha assinatura rebuscada, que aos 11 anos pensaria manter para toda a vida e a data 1998.
A data fez-me lembrar das tardes desse verão, que tanto me custavam a passar, foram as tardes que começaram a anunciar o fim do casamento dos meus pais. Foram tardes em que encontrei refúgio na quietude e irreverência das palavras deste livro.
Continuei a folheá-lo como se cada página contasse uma pequenina história, minha e da autora. Deparei-me com esta frase:
“O que é a felicidade? Desde que ali estava fechado, não se cansava de repetir a mesma frase, como se fosse um refrão.”
O meu coração deu um pulo. Nos últimos meses tenho estado a escrever num projecto (que espero que em breve o possam ver) e numa das minhas investidas deixei isto registo:
“O tratamento vai resultar – repetíamos nós como se fosse um mantra”
Fiquei surpreendida pela similaridade das frases, é certo que há pouca coisa que ainda não tenha sido escrita, tal como diz a música ” quais são as palavras que não são ditas”. Esta tentativa de sermos originais por vezes até parece ridícula. No entanto não deixei de ficar rendida às semelhanças.
No meu inconsciente é possível que ainda estivessem armazenadas referências deste livro, até porque são memórias emocionais.
Ao que parece, quando me sento a escrever todas essas memórias aparecem sem convite, apesar de as deixar ficar para a ceia.
Sei e já o disse aqui, que escolher quem me influencia positivamente é uma responsabilidade e obrigação. Só não me lembrava que há 20 anos já o fazia.
Se a referência é boa, porque não aproveitar? o original vem após o cruzamento de várias boas referências.
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Nem mais Srs Milionários 🙂
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